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O filme Senhores do Crime, dirigido por David Cronenberg, retrata a vida de uma família de criminosos que controla o submundo do crime organizado em Londres. Mas o que chama a atenção na trama não são os assassinatos, roubos e tráfico de drogas, mas sim a abordagem sobre os estranhos prazeres que o crime proporciona aos personagens.

O personagem principal, interpretado por Viggo Mortensen, é um homem frio e calculista que parece desfrutar das atrocidades que comete. Ele não se preocupa com a justiça ou a moralidade, mas sim com a sensação de poder que o crime lhe proporciona. Para ele, não há nada mais prazeroso do que controlar a vida das pessoas e ter o destino delas em suas mãos.

Esse prazer que o personagem sente é personificado em uma cena do filme, em que ele faz uma comparação entre a sensação que tem ao matar alguém e a sensação de fazer sexo. Para ele, ambas as experiências são intensas e prazerosas, mas a morte tem um componente a mais: o domínio sobre o outro.

Mas esse prazer do crime não se restringe apenas ao personagem principal. Outros personagens também parecem encontrar satisfação no que fazem, seja pela adrenalina que sentem ao realizar um assalto, pelo dinheiro que ganham ou pelo poder que exercem sobre os outros.

No entanto, o filme também aborda o lado obscuro desse prazer do crime: o vício. Assim como em outras atividades que geram prazer intenso, o crime pode levar os personagens a buscarem cada vez mais sensações fortes, até que se tornem dependentes da violência e da impunidade.

No decorrer da trama, vemos os personagens se envolvendo em situações cada vez mais arriscadas e violentas, até que chega um momento em que eles parecem não conseguir mais controlar a situação. O prazer que antes era fonte de satisfação, agora se torna um fardo pesado e angustiante.

No final do filme, vemos os personagens em busca de redenção e tentando se livrar do vício do crime. Mas fica uma pergunta no ar: será que é possível se livrar completamente desse prazer estranho e sedutor?

Em resumo, Senhores do Crime é um filme denso e provocativo, que nos faz refletir sobre os prazeres obscuros que o crime pode proporcionar. Ao mesmo tempo em que é fascinante ver os personagens se envolverem em tramas complexas e arriscadas, a sensação de desconforto e angústia nos faz questionar até que ponto estamos dispostos a ir pelo prazer e pela busca por poder.